23 de fev. de 2010

GENI

Segue o texto do cardápio do Bar Geni, localizado à R. Bela Cintra, 539 - Consolação - São Paulo - SP.
http://www.geniclub.com.br/



"De tudo que é nego torto, ela já foi namorada, mas quem nunca entrou nessas paradas, noites assim tão democráticas?


Geni são muitas, são várias, moças lindas e generosas, Geni são 300, 350, como dizia Mario de Andrade, são todas as rainhas tortas cantadas por Lou Reed, Gainsbourg e Chico Buarque...

Geni, se brincar, meu velho, são todas as mulheres, Bovarys, c´est moi. Quem nunca foi Geni por uma noite que atire a primeira pedra! E os cabróns, galinhas-Genis no último, pois. Quem nunca foi Geni, que se aveze, e atire a primeira pedra de gelo no meu uísque... Embora eu prefira um cowboy desse asfalto, short drink, a moda Sam Sheppard, barato!

Geni é profissional e a mais amadora das amadoras. É aquela que condenamos sem nem saber, precoces, como gozos velozes, na batida do centro, goolll, o mais rápido do campeonato. Joga pedra que tu vês!

Reza a lenda que a primeira Geni que desfilou na calçada da rua Bela Cintra, migrando ali da Augusta, nem puta era. Batismo: Maria Genivânia... depois passaram tantas homônimas.

E o sobrenome subtraímos para evitar problemas. Idade: quando aqui passou tinha 25, 25 anos confessos, incompletos, um quarto de século. Linda, cabelos e lábios à Iracema, favos do jali e asas da graúna, gloss brilhante e olhos de uma ressaca eterna.

Minha Beatriz, dane-se Dante!

Unhas? Vermelhas. Batom. Minha camisa branca por testemunha, nem a adorável lavanderia tirou!

Geni, mire-se no exemplo, é dadivosa, aqui na frente desse bar fazia ponto, tranqüila, meu Deus, não se atirava em cima de carros, no sossego, na moral, fumava seu cigarro e meditava no calor e na neblina, zen como uma deusa das montanhas, seguia a onda da maresia possível de todas as bondades e noites brancas.

SP há de beijar seus pés, Geni, que começou ali do outro lado, na Consolação, na Tia Olga, entre o cemitério e o sujinho, morte e vida hedonista, daqui ninguém sai vivo, carpe diem, aproveitem a vida, coisa tão ligeira, Geni, pois a vida, Geni, a vida acaba com choro, Geni, mas a vida não tem chorinho!"

Xico Sá

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